Durante décadas os setores da hotelaria e da restauração tiveram apoio para os seus picos de atividade através da integração pontual de mão-de-obra cujo principal objetivo se destinava a tarefas rotineiras, simples e controladas por staff interno com maior experiência. É verdade que muitos destes “extras” eram profissionais da indústria que procuravam complementar os seus rendimentos mensais com estas atividades contribuindo assim para a prestação de um serviço de qualidade e competente.
Soluções adequadas a um mercado fortemente marcado pela sazonalidade e que hoje ainda se reflectem na gestão diária das unidades.
Contudo o turismo em Portugal sofreu profundas mudanças nos últimos anos. A par com uma crescente complexidade e maturidade do setor, com profissionais de gestão e operacionais cada vez mais bem preparados, a explosão do destino Portugal como uma referência mundial, alterou significativamente as regras do jogo. Com picos de sazonalidade menos acentuados e um crescimento exponencial da atividade, a necessidade de atração de talento transformou-se num dos maiores desafios da hotelaria e da restauração, em particular nos mercados de maior dinamismo como Lisboa, Porto e Algarve.
Os “extras”, ou a necessidade pontual de equipas que colmatem as falhas de última hora, continuarão a ser uma solução imprescindível e desejável. Uma atividade que tendencialmente melhorará a sua performance quanto maior for o número de pessoas e de experiências que ocorram e para a qual estamos particularmente atentos. Não obstante selecionarmos sobretudo profissionais do setor já com experiência comprovada, procuramos identificar talento jovem que encontra nestas oportunidades uma atividade bem mais sexy do que atender telefonemas num call center.
Mas a grande oportunidade encontra-se no planeamento e na gestão do ativo humano numa perspetiva de médio e longo prazo: de que nos adianta efetuarmos investimentos de milhões de euros se o principal fator de diferenciação – a forma como eu sou atendido e tratado – sofre de deficiências estruturais por falta de braços, pernas e cabeças?
É neste desiderato que a utilização do trabalho temporário, como ferramenta de gestão e não como um “remendo para falhas”, pode assumir um papel determinante e à semelhança do que aconteceu noutros setores da atividade económica.
Fortemente regulada, a atividade das empresas de trabalho temporário legalmente estabelecidas, acrescenta um enorme valor se for considerada nos modelos de planeamento da estrutura do ativo humano. Se existem ETT’s que ao longo dos anos se especializaram nos clusters do IT, das Vendas ou da Indústria, não é possível acreditar que o mesmo pode ocorrer na Hotelaria e na Restauração? Claro que sim, desde que o mercado deixe de olhar para esta solução como uma alavanca para as necessidades do “amanhã de manhã”, do preço baixo ou do pagamento dilatado das faturas.
A implementação de processos estruturados para o recrutamento de volume, que asseguram resultados coerentes e com qualidade e o acompanhamento próximo das pessoas que se integram pela primeira vez no setor, são vantagens que uma empresa de trabalho temporário de nicho, pode oferecer ao Turismo. O alargamento do período experimental, a flexibilização (quanto baste) da estrutura de pessoal às necessidades, a externalização de processos administrativos pesados e longe do foco da atividade de um hotel ou de uma cadeia de restaurantes, são outros fatores competitivos que não devem ser descurados. É possível fazer cada vez melhor integrando tecnologia, marketing e gestão do ativo humano: processos de assinatura eletrónica de contratos, campanhas digitais e de social media para atração de mais e melhores candidatos, modelos de retenção e fidelização e muitas outras ferramentas que as empresas de trabalho temporário tiveram que desenvolver a par com seus Clientes noutros setores e clusters. A Hotelaria também os merece e nós não temos dúvidas que os resultados destas estratégias, acrescentariam muito mais valor ao status atual.
Nós estamos por cá. Para resolver problemas pontuais com os nossos “extras” mas sobretudo para alianças estratégicas de longa duração, típicas de quem aposta o seu conhecimento e experiência ao serviço de um único setor de atividade.